Beck é famoso no mundo artístico por ser uma metamorfose ambulante. É frequente ele mudar de humor de uma faixa para a outra, senão durante a mesma música. Se, para seus críticos, esta característica possa ser interpretada como inconstância e incongruência de sua obra, para seus admiradores soa como puro brilhantismo, oriundo de um dos mais talentosos multi-instrumentistas da década de 90.
Se o início do sucesso veio com o single Looser, considerado o hino de uma geração ociosa e perdida, o estrelato veio com o álbum Odelay, o auge de seu experimentalismo musical. Mas é com Sea Change que Beck atinge o apogeu de sua carreira. Trata-se de sua obra mais intimista, repleta de melodias melancólicas e com letras carregadas de sentimentos pessoais, que nos transportam ao seu belo mundo introspectivo. Os arranjos são impecáveis, misturando a simplicidade de violões acústicos com diversos instrumentos de corda e discretos efeitos tecnológicos. Difícil destacar algumas músicas de um album tão impecável, mas eu colocaria as faixas Paper Tiger, Lonesome Tears, Round the Bend e Sunday Sun num patamar quase divinamente perfeitos.
Sea Change é a obra-prima da fértil e brilhante carreira de uns dos maiores compositores em atividade no mundo do rock, e uma genuína obra-prima deste novo século, tão carente de artistas verdadeiramente talentosos como Beck.

Nota: 10
Daniel Hetzel
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