Direto de Montréal, trago novidades da vida artística da cidade dos festivais, certamente uma das cidades mais culturalmente ricas do planeta! Sem exageros. E nada melhor do que começar minhas postagens do canadá falando um pouco sobre o novíssimo espetáculo do Cirque du Soleil: Totem.

Quem assistiu a um dos espetáculos do Cirque du Soleil, qualquer que seja, sabe perfeitamente a dificuldade ao precisar descrever, em poucas palavras, algo tão complexo e gratificante. Trata-se, indubitávelmente, de uma experiência única e inesquecível. O mais intrigante é que a parte circense foi a que menos me comoveu. É indiscutível que existem grandes artistas no palco, possivelmente alguns dos maiores nomes do mundo. As chinesas equilibristas, por exemplo, são de tirar o fôlego de qualquer um, tamanha a destreza e graciosidade de seus movimentos. Entretanto, vi esse tipo de façanha em outros palcos menos nobres...

O
grande diferencial de todos os espetáculos do Cirque du Soleil está em sua estrutura artística. A composição do espetáculo é separadamente preparada, existindo uma grande preocupação com o figurino, a música, os efeitos sonoros e a arquitetura do palco, entre outros. Para tantos focos existentes, uma colaboração multiprofissional em perfeita sincronia é essencial, dando, aos poucos, forma ao produto final. O tema do espetáculo também é cuidadosamente escolhido, de acordo com o público. Existem shows exclusivos, que podemos apreciar se visitarmos a cidade em questão, como acontece em Nova Yorke e Las Vegas.

Mas o
que o espetáculo Totem possui de novo a nos oferecer? Eu diria que nenhuma mudança revolucionária foi feita na estrutura e no ritmo das conhecidas apresentações do Cirque du Soleil, apenas o tema central foi modificado. Alguns diriam que é apenas mais do mesmo. Mas, em se tratando do Cirque du Soleil, isso é uma ótima novidade!


Daniel
Hetzel























Dennis Hopper... O que esse nome lhes faz lembrar? Para muitos, infelizmente, nada. Sim, a verdade é que muitos jovens nem ao menos ouviram falar deste grande ator. Dennis Hopper iniciou sua carreira ao lado de James Dean nos filmes "Assim Caminha a Humanidade" (Giant, 1956) e Juventude transviada ( rebel without a cause, 1955), experiência que marcaria para sempre a trajetória do ator.
Hopper era conhecido pelo seu perfeccionismo, e ingressou no mundo de Hollywood com um único objetivo: se tornar o maior ator americano de sua época. Logo percebeu que seria tarefa impossível, pois afirmou públicamente que ninguem conseguiria ser maior que Marlon Brando. Mesmo assim, não desistiu de sua idéia fixa, e já que não poderia ser o maior de todos, decidiu lutar para ser o melhor ator jovem. Entretanto, sua busca terminou muito antes que imaginava: no momento preciso em que viu James Dean atuar. Hopper ficou obcecado pelo talento de Dean, e sua morte precoce o abalou profundamente. O jovem ator decide seguir fielmente os passos de seu mentor, indo estudar na Actor`s Studios de Nova Yorke e tornando-se a verdadeira personificação do mais famoso papel de Dean, um rebelde sem causa.
Passou por um hiatus cinematográfico de 7 anos em Hollywood, após um famoso episódio durante as filmagens do filme From Hell To Texas, em que se negou a dizer uma das falas do roteiro durante 80 tomadas consecutivas. John Wayne, um dos maiores astros americanos de todos os tempos, decide salvar sua carreira ao pedir a escalação de Hopper em seu próximo western, "Os filhos de Katie Elder" ( The sons of Katie Elder, 1965) mas, aparentemente, Hopper não demonstrou muita gratidão a Wayne, pois aprontou todo tipo de confusão no set, levando o próprio Wayne à loucura, tendo perseguido o rebelde ator com a arma em punho para matá-lo.

No filme Apocalipse Now, de Francis Ford Coppolla


Poucos anos depois, no lendário ano de 69, Hopper escreve, dirige e protagoniza o seu maior sucesso: "Sem Destino" (Easy Rider, 1969). Ao lado de Peter Fonda, em pleno auge do movimento hippie, eis que Hopper decide fazer um filme sobre a busca da liberdade suprema, sem amarras da sociedade opressora americana. A obra foi um dos grandes marcos da contra-cultura mundial, inspirando centenas de outros cineastas e artistas, e ajudou a mudar a forma de se fazer cinema em Hollywood. Jack Nicholson também tem uma participação marcante no filme, se tornando um amigo inseparável de Hopper desde então. Segundo as palavras de Nicholson, ambos eram almas gêmeas, de uma certa forma.


Seu personagem imortal, em "Easy Rider".

Infelizmente, Hopper jamais conseguiu permanecer no topo por muito tempo, devido ao seu temperamento explosivo e seus hábitos de vida. Teve inúmeros problemas com drogas, tendo sido internado em clínicas de reabilitação incontáveis vezes. Foi casado 5 vezes, mas era famoso pelos seus problemas conjugais. Estava enfrentando um longo processo de divórcio com sua mais recente esposa, Victoria Duffy, até o momento de sua morte.

Após Easy Rider, Hopper estrelou alguns ótimos filmes, como o inesquecível "Apocalipse Now" de Coppolla, ao lado de Marlon Brando, e "Veludo Azul" (Blue Velvet, 1986), celebrado filme de David Lynch. Porém, para muitos, o papel mais lembrado do ator parece ser o do vilão no filme Velocidade Máxima (Speed, 1994), filme de ação que contracena com o galãzinho Keanu Reeves, futuro astro de Matrix. É inegável dizer que a carreira de Dennis Hopper teve muito mais baixos que altos, devido ao seu estilo de vida incontrolável. Mas é importante também dizer quão talentoso ele foi, ao menos quando o desejava ser. É o exemplo clássico de pessoa que desperdiçou grande parte de seu potencial artístico. Aos cinéfilos admiradores de seu talento, só nos resta lamentar e lembrarmos de Dennis Hopper como o eterno motoqueiro barbudo e hipponga, eternamente rodando pelas estradas ensolaradas do árido sul dos Estados Unidos.

Dennis Hopper morreu aos 74 anos, no último sábado, dia 29 de maio de 2010.




Dennis Hopper recebendo a 2,403ra estrela da calçada da fama de Hollywood, no dia 18 de março de 2010, já muito perto de sua morte, por câncer de próstata.