Neverwas é um emocionante filme de 2005, sobre como a fantasia e o conto-de-fadas podem ser importantes para nossas vidas. Zach (Aaron Eckhart) vai trabalhar no instituto de psiquiatria em que seu pai, Pierson (Nick Nolte), esteve internado por alguns anos. Conhecido publicamente pelo best-seller infantil que escreveu antes de sua trágica morte, Pierson sempre foi um mistério para seu filho, com quem mantinha uma relação distante. A partir do relacionamento com Gabriel (Ian McKellen) paciente esquizofrênico do instituto, e Maggie (Brittany Murphy), jornalista que está fazendo um trabalho sobre Pierson, Zach começa a entender o mundo de fantasia em que seu pai vivia desvendando os segredos do livro e de sua própria vida.
O trunfo do filme é o elenco estelar, que conta com nomes como Ian McKellen, Nick Nolte, Aaron Eckhart, Brittany Murphy, William Hurt, Jessica Lange e, para os mais atentos, uma ponta da então desconhecida atriz Vera Farmiga. É cada vez mais raro, nos dias de hoje, presenciarmos tantos bons nomes no mesmo filme. Quando isso ocorre, trata-se de uma mega-produção milionária de Hollywood ou, como acontece em filmes autorais de diretores renomados, do estirpe de Woody Allen, os atores chegam a trabalhar de graça, só pelo prazer profissional de participar de um dos projetos do cineasta.
O jovem diretor Joshua Michael Stern está bem longe do prestígio acima comentado, apesar do belo trabalho de estréia. Porém, existe uma terceira possibilidade, cada vez mais remota, de conseguir reunir tantos astros: um grande roteiro. É exatamente o caso de "Segredo de Neverwas". A obra não cai no vacilo da mesmice, ao mostrar um possível mundo imaginário como real. Pelo contrário, o filme reforça a importancia da fantasia em nossas vidas adultas, mesmo que os contos de fadas não ultrapassem a fronteira das páginas dos livros infantis.Outro ponto positivo do filme é a forma delicada que aborda a questão da doença mental, mais precisamente a esquizofrenia. O paciente interpretado pelo ator Ian McKellen (mais conhecido pelo público pelo papel do mago Gandalf na trilogia Senhor dos Anéis) tem uma atuação soberba, sendo o grande destaque do longa. O final do filme aponta um questionamento interessante, principalmente para os interessados nessa área de saúde mental: O que seria melhor para um paciente psiquiátrico grave, como no caso do personagem de McKellen? Forçá-lo a encarar a fria realidade de um mundo que ele jamais virá a conhecer de verdade, pelas suas limitações psíquicas, ou deixá-lo viver no mundo que ele adotou para si mesmo, que se sente confortável e, muito possivelmente, feliz, desde que acompanhado por pessoas que o compreendam? Deixarei esta pergunta no ar para quem quiser comentar!Nota: 7,5
Daniel Hetzel
Quem já assistiu a um dos espetáculos do Cirque du Soleil, qualquer que seja, sabe perfeitamente a dificuldade ao precisar descrever, em poucas palavras, algo tão complexo e gratificante. Trata-se, indubitávelmente, de uma experiência única e inesquecível. O mais intrigante é que a parte circense foi a que menos me comoveu. É indiscutível que existem grandes artistas no palco, possivelmente alguns dos maiores nomes do mundo. As chinesas equilibristas, por exemplo, são de tirar o fôlego de qualquer um, tamanha a destreza e graciosidade de seus movimentos. Entretanto, já vi esse tipo de façanha em outros palcos menos nobres...
O grande diferencial de todos os espetáculos do Cirque du Soleil está em sua estrutura artística. A composição do espetáculo é separadamente preparada, existindo uma grande preocupação com o figurino, a música, os efeitos sonoros e a arquitetura do palco, entre outros. Para tantos focos existentes, uma colaboração multiprofissional em perfeita sincronia é essencial, dando, aos poucos, forma ao produto final. O tema do espetáculo também é cuidadosamente escolhido, de acordo com o público. Existem shows exclusivos, que só podemos apreciar se visitarmos a cidade em questão, como acontece em Nova Yorke e Las Vegas.
Mas o que o espetáculo Totem possui de novo a nos oferecer? Eu diria que nenhuma mudança revolucionária foi feita na estrutura e no ritmo das já conhecidas apresentações do Cirque du Soleil, apenas o tema central foi modificado. Alguns diriam que é apenas mais do mesmo. Mas, em se tratando do Cirque du Soleil, isso é uma ótima novidade!
Daniel Hetzel